Ao longo de mais de quatro anos, a operação que já passa da 50ª fase, contou com publicização e cobertura midiática intensa.
Durante o 13º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que será realizado entre os dias 18 e 30 de junho, na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, três repórteres que acompanharam de perto as investigações da Operação Lava Jato farão um balanço da cobertura jornalística sobre o fato.
O evento que acontece no dia 30 de junho, contará com a moderação de Guilherme Amado (JSK Stanford/O Globo), no painel “Os erros e acertos da cobertura da Lava Jato”.
Para Rubens Valente, o noticiário focado na Lava Jato acertou ao ser extensivo e intensivo, “trazendo luz aos principais fatos da investigação” e “permitindo ao país conhecer a profundidade dos esquemas criminosos, acentuando a importância da operação”. É de Valente a reportagem sobre as conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com Romero Jucá, José Sarney e Renan Calheiros, que falavam sobre "estancar a sangria" e em "um grande acordo nacional" com "o Supremo, com tudo".
Andreza Matais, editora da Coluna do Estadão, considera que a transparência dada por Sergio Moro ao processo contribuiu para que a cobertura tivesse essa característica. “Isso permitiu aos jornalistas (e também aos interessados) conhecer a investigação como um todo. Com tudo escancarado foi possível checar os dados, questionar, apontar falhas, cruzar informações”, aponta a repórter. “Não era muito comum a PF, por exemplo, dar coletiva explicando suas operações. Geralmente se soltava apenas um release. Isso mudou na Lava Jato. Foi um avanço para evitar erros”, afirma.
Em março de 2016, Matais revelou que o ex-presidente Lula usava cobertura em São Bernardo que foi comprada por primo de José Carlos Bumlai, amigo pessoal do político e preso na Operação. No final do mesmo ano, publicou que José Yunes, ex-assessor de Temer, recebera R$ 1 milhão de Lúcio Funaro, também preso na Lava Jato.
A mesa ainda contará com Thiago Prado, repórter do Jornal O Globo. Prado foi quem deu o furo sobre um apartamento do então diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. A reportagem foi citada pelo juiz Sergio Moro, no julgamento de Cerveró, como base para uma das condenações do executivo.
“A Lava Jato é uma investigação que trouxe, pela primeira vez, qualidade de provas e de documentos muito grande. Fez com que a imprensa tivesse muito material, de mais qualidade”, afirma Prado. “Independente das consequências, se o político foi preso ou não, [a Operação] foi importante para a imprensa, porque trouxe mais pluralidade para o noticiário em relação a personagens que antes não apareciam”, aponta o repórter do Globo.
A Operação Lava Jato já passa da 50ª fase. São centenas de acusados e condenados, bilhões de reais em bens bloqueados e mais de mil procedimentos instaurados. Ao longo de seus mais de quatro anos, a operação contou com publicização e cobertura midiática intensa. Os sites de vários veículos disponibilizam especiais sobre a investigação, que é recorrentemente capa de revistas semanais e ganhou espaço garantido na “página quatro” dos principais jornais do país.
Os interessados podem realizar inscrição pelo site: congresso.abraji.org.br
Fonte: Abraji