92% dos entrevistados afirmaram que usam as seções de Relações com Investidores para investigar determinado assunto
Por Roberta Lippi
Quando buscam informações para basear suas decisões, investidores confiam mais nos sites próprios das empresas do que na mídia tradicional. Até mesmo veículos considerados muito confiáveis, como Bloomberg, The Economist e Wall Street Journal, perdem para as páginas de Relações com Investidores, aponta a pesquisa “Digital Investor Survey”, realizada pela Brunswick Group. O estudo, que vem sendo realizado há vários anos para entender como os investidores buscam informação e o que fazem com elas, foi feito este ano com com 537 representantes de investidores institucionais na América do Norte, Reino Unido, Europa continental e Ásia.
Numa escala de zero a dez para medir o grau de confiança de investidores em relação às fontes de informação digitais, tradicionais e televisivas, os sites de RI alcançaram a maior pontuação (8,4). Abaixo desse índice ficaram veículos de longa tradição como o The Wall Street Journal (8,2), The Economist (7,7), Bloomberg TV (7,3), The New York Times e BBC, ambos com 6,8.
O alto nível de confiança nos sites de RI se dá pelo tipo de informação que eles hospedam, em especial pelo fato de tudo ali estar regido por regras estritas e regulamentos, além de terem passado pela avaliação de auditores e outros consultores especializados. “Como tal, os sites de RI são o relato mais confiável da empresa sobre si mesma”, explicam os meus colegas autores da pesquisa. Enquanto nas suas propagandas e sites institucionais as organizações têm mais liberdade para “carregar na tinta” a seu favor e trazer um tom mais marqueteiro, as páginas de RI em geral são mais focadas e precisas.
De acordo com o levantamento da Brunswick, 92% dos entrevistados afirmaram que usam as seções de RI nos websites das empresas para investigar determinado assunto. E 72% deles disseram que já tomaram alguma decisão de investimento baseada em algo que descobriram por ali. Os profissionais ouvidos, em sua maioria (74%) atuam na análise buy side (avaliação de ativos a serem recomendados para a própria instituição) e outros 23% estão no sell side (recomendação de ativos para o público em geral).
Essa equação pode variar um pouco de acordo com a confiança dos investidores nos órgãos reguladores dos países em que atuam. Enquanto nos EUA e Reino Unido a credibilidade dessas instituições é alta, na Ásia se apresenta bem inferior: apenas 52% dos investidores localizados em países asiáticos se baseiam nos canais das próprias companhias para tomar suas decisões de investimento, enquanto na média geral esse índice é de 85%.
Os investidores também disseram que querem e esperam ver os CEOs das empresas por meio de canais digitais e mídias sociais. Cresceu de 38% em 2020 para 48% em 2021 o número de investidores que esperam ter notícias dos executivos por meio desses canais digitais.
Se por um lado esta não é a melhor notícia para a imprensa financeira e de negócios, por outro se mostra uma grande oportunidade para as empresas investirem nos seus sites de RI com o mesmo cuidado com que normalmente tratam seus outros canais corporativos. Aprimorar a comunicação digital com investidores e analistas é uma forma de se conectar melhor com esse público e aumentar o engajamento, e o impacto pode ser positivo em operações relevantes como M&As, aberturas de capital e captação de recursos. Sairão na frente nessa disputa pela atenção dos investidores as organizações que oferecerem conteúdos ricos e de qualidade, com fluxo contínuo e que promovam uma experiência mais personalizada, atendendo de forma mais efetiva os interesses dos seus importantes visitantes.
*Roberta Lippi é sócia da Brunswick Group, consultoria internacional de comunicação estratégica. Jornalista com pós-graduação em gestão empresarial pelo Insper e especialização em comunicação internacional pela Universidade de Syracuse/Aberje, tem 25 anos de experiência na área de comunicação, com foco em posicionamento corporativo, mídia, crises, comunicação interna e treinamento de executivos. É membro desde 2015 do Programa Diversidade em Conselho, iniciativa de B3, IBGC, IFC, Spencer Stuart e WCD para ampliar a diversidade em conselhos de administração.
Fonte: Portal IMPRENSA