CATIA SEABRA
DE SÃO PAULO

Na corrida presidencial, os comandos de campanha estão contratando empresas especializadas em monitoramento de informação para acompanhar, em tempo real, os passos do adversário. É o Big Brother eleitoral.

Capturadas da TV, do rádio, da internet e das mídias sociais, imagens e declarações de um candidato podem ser enviadas até para o celular de seu oponente.

Na pré-campanha, o custo do contrato chega aos cerca de R$ 60 mil mensais pagos pelo PSDB de José Serra.

Outra alternativa é a compra avulsa de reportagens, a R$ 180 o bloco de até 30 segundos de TV. O comitê de campanha da petista Dilma Rousseff optou por essa fórmula, por exemplo, para duas entrevistas de Serra a programas populares da TV.

Mas o presidente da Abemo (Associação Brasileira de Empresas de Monitoramento da Informação), Ildefonso Bassani, avisa: na eleição, o serviço fica mais caro.

"Com o horário eleitoral gratuito, o custo aumenta", justifica, explicando que as equipes aumentam em cerca de 25% em anos eleitorais.

Olho no adversário
Segundo Alzira Luchetti, da Look Monitoramento, os candidatos até querem saber como estão sendo retratados na imprensa. O maior interesse, porém, é pelo que o adversário está fazendo. "Já estamos trabalhando para duas campanhas presidenciais", diz ela.

Tesoureiro do PSDB-SP, o secretário estadual de gestão, Marcos Monteiro, informa que o contrato com a Boxnet inclui o levantamento do que é veiculado sobre o PSDB e seus rivais. O contrato é aberto: tem orçamento global, mas só é pago se os serviços forem prestados.

"Eles acompanham tudo o que sai a respeito do PSDB, de Geraldo Alckmin, de Serra e das suas adversárias", comenta Monteiro.

Dono da Clip & Clipping, Luiz Lima afirma que, além de enviadas via celular, as imagens são transmitidas para um banco de dados e acessadas com senha.

Entre os recursos técnicos para a captação de informações está o reconhecimento de voz dos candidatos, desde que estejam pré-cadastrados no sistema.

Avanço tecnológico
O serviço de monitoramento existe há pelo menos 27 anos. "Eu usava gravador de rolo", lembra Alzira.

O serviço só ganhou velocidade agora graças à sofisticação da tecnologia, com o aperfeiçoamento do "closed caption" (legendas) e da varredura de sites na internet.

Mesmo com equipamentos como o do "robozinho" que rastreia 1.200 sites por dia, Bassani admite que as mídias sociais --como Twitter e Orkut-- impõem maior desafio, já que o autor pode apagar o que escreve logo depois da sua publicação.

A rede exige monitoramento 24 horas. Segundo Luiz Lima, o valor do contrato depende até do cargo em disputa. "O maior custo para esses serviços está na mão de obra, 24 horas por dia, sete dias por semana", diz.