O Facebook oficializou nesta quinta-feira (11) uma mudança em sua política de publicação para privilegiar posts de amigos e parentes e dar menos espaço para aqueles de companhias, marcas e empresas de notícias, conforme era esperado por publishers e analistas.
Ao longo das próximas semanas, os usuários verão menos vídeos virais e reportagens compartilhados por organizações de mídia no feed de notícias da rede social. A alteração afetará o tráfego das organizações de mídia que usam o Facebook para compartilhar seu conteúdo. Ao mesmo tempo, há forte desconfiança que o novo modelo não terá impacto na luta contra as notícias falsas.
"Essas mudanças provavelmente não parecerão drásticas para muitos usuários. E muitos publishers já notaram uma diminuição no tráfego orgânico do Facebook durante o último ano.
Ainda assim, as notícias de quinta-feira provavelmente anulam os planos de quem pensou que iria construir uma empresa no tráfego do Facebook", escreveu a jornalista especializada em mídia, Laura Hazard Owen, do Nieman Lab. Mesmo alguns dos impulsionadores (que pagam para alavancar a audiência de seus conteúdos) mais ativos no Facebook expressam frustração crescente com o Facebook, segundo o site especializado Digiday. "Estamos perdendo a esperança", disse um deles.
O presidente-executivo do Financial Times, John Ridding, conforme informou o site Press Gazette, disse concordar com o movimento do Facebook no que diz respeito a reconhecer e apoiar notícias e análises confiáveis.
"Mas uma solução sustentável para os desafios do novo ecossistema de informação requer mais medidas; em particular um modelo de assinatura viável em plataformas que permite aos publishers criar uma relação direta com os leitores e gerenciar os termos de acesso ao seu conteúdo", alertou. "Sem isso o conteúdo de qualidade não será mais uma escolha ou uma opção. E esse seria o pior resultado para todos".
O jornalista Jeff Jarvis, um dos principais pensadores sobre a Era digital, ressaltou em artigo no site Medium que, nessa transformação, o Facebook precisa diferenciar e valorizar o conteúdo de qualidade, "como os links para o The Washington Post, The New York Times, The Guardian e milhares de importantes meios de comunicação informativos, úteis em todo o mundo".
O especialista afirmou também que espera que a rede social, assim como o Google, deixe claro que não usará essa mudança para explorar empresas de mídia e obter mais receita de publicidade quando o objetivo é informar o público.